Cirurgia de redução de estômago pode diminuir em 80% o risco de diabetes
A cirurgia de redução do estômago geralmente melhora os sintomas do diabetes tipo 2, mesmo antes de os pacientes começarem a perder peso. Veja por que isso acontece.
Para pessoas extremamente acima do peso e com probabilidade de desenvolver diabetes, a cirurgia de redução do estômago pode ser a melhor forma de prevenção.
Um novo estudo mostra que a cirurgia bariátrica não só resultou em perda de peso considerável em pacientes obesos como, também, reduziu substancialmente suas chances de desenvolverem diabetes tipo 2. Ao longo de um período de cerca de 15 anos, aqueles que realizaram um dos três tipos de procedimentos bariátricos tiveram 80% menos propensão a desenvolver a doença do que as pessoas que tentaram perder peso com a dieta e exercícios.
De fato, aqueles que tinham os piores níveis de açúcar no sangue no início do estudo, colocando-os em uma categoria de alto risco conhecida como pré-diabéticos, foram os que mais se beneficiaram da cirurgia. O risco de se tornarem diabéticos caiu quase 90%.
Para muitos médicos e pesquisadores, a mensagem que esse estudo passa é de que a cirurgia bariátrica funciona. Pessoas que estão prestes a se tornarem diabéticas, se tratadas a tempo com intervenção da cirurgia bariátrica e perda de peso, terão um efeito protetor muito forte contra o diabetes tipo 2.
Os resultados fortalecem um crescente corpo de literatura que apoia a cirurgia bariátrica como meio de combater o diabetes. Para pessoas obesas e já portadoras de diabetes, a cirurgia para perda de peso foi mais eficaz do que drogas, dieta e exercícios para causar a remissão da doença.
Pré-diabéticos quase sempre desenvolvem diabetes, e isso mostrou que o tratamento cirúrgico pode colocá-los em um novo caminho bem longe da doença. Uma redução de risco de 80% é enorme, particularmente à luz do fato de que o diabetes tipo 2 é uma doença muito mortal.
“O que descobrimos é que o segredo para a cura do diabetes após a cirurgia bariátrica está no intestino“, disse o Dr. Nicholas Stylopoulos, investigador principal da Divisão de Endocrinologia do Hospital Infantil de Boston e da Boston Medical School. Após a cirurgia, o intestino se torna o tecido mais importante para o uso de glicose e isso diminui os níveis de açúcar no sangue.
Os médicos estão esperançosos de que possam encontrar uma maneira de imitar os processos que levam a melhorias para os diabéticos tipo 2 após a cirurgia de redução do estômago sem necessariamente recorrerem a esse procedimento.
Como a cirurgia de redução do estômago reduz o risco de diabetes?
Funciona da seguinte forma: Após o ‘bypass gástrico’, que é uma solução comum para perda de peso para pacientes muito obesos, o intestino delgado começa espontaneamente a produzir uma molécula chamada GLUT-1 que ajuda o corpo a usar glicose.
“A coisa surpreendente é que isso não está presente normalmente no intestino delgado de adultos, mas apenas no feto“, disse o Dr. Erini Nestoridi, pesquisador do laboratório de Stylopoulos. “Isso acontece muito provavelmente porque o intestino tem que trabalhar mais para fazer o seu trabalho, por exemplo, para absorver os nutrientes ou mover a comida mais para baixo. Além disso, pode ser que o estresse mecânico de ‘despejar’ o alimento diretamente no intestino, uma vez que o estômago é contornado, contribua para essas mudanças”.
Embora a perda de peso e a melhora nos sintomas de diabetes andem de mãos dadas, pesquisas anteriores mostraram que a cirurgia de bypass gástrico ajuda a reduzir a doença antes mesmo de ocorrer a perda de peso.
Diversos estudos alertam para o fato de que o diabetes afeta uma em cada 11 pessoas no mundo, chegando ao número assustador de 422 milhões de diabéticos em uma pesquisa de 2014 feita pela Organização Mundial da Saúde. A condição pode levar a lesões oculares, renais e nervosas e coloca os pacientes em maior risco de ataques cardíacos e derrames.
A consulta regular ao seu médico garantirá uma melhor prevenção da doença ou, então, permitirá que você tenha o tratamento mais adequado caso ela seja descoberta no início.
E, obviamente, a prática de exercícios aliada à uma alimentação saudável pode contribuir muito para prevenir o diabetes e garantir uma melhor qualidade de vida.